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Síndrome do Bom Aluno: ela pode minar a confiança do seu filho
Postado em 11/Março/2020
A maioria dos pais almeja o melhor para os seus filhos. Isso inclui, conforme as possibilidades de cada família, garantir bons estudos e acompanhar de perto o desempenho escolar. Mas às vezes, na tentativa de que a criança obtenha boas notas, muitos acabam forçando a barra e fazendo uma cobrança excessiva - em alguns casos, até condicionando o afeto e a aprovação aos resultados do boletim. Em médio e longo prazos, tanta exigência tende a causar uma ansiedade enorme nos pequenos. Há, ainda, o risco de se transformarem em adultos extremamente perfeccionistas, reféns da chamada "Síndrome do bom aluno". E muito, muito infelizes.
Boa parte das vezes, pais que parecem amar seus filhos conforme a quantidade de nota 10 que eles recebem, fazem isso de maneira inconsciente. "Isso não significa que amem menos seus filhos, mas sim que desenvolveram ao longo da vida uma maneira mais crítica de se relacionar", afirma Carla Poppa, doutora em psicologia clínica pela PUC-SP. É muito comum, inclusive, que esses pais tenham uma autocrítica muito severa e que cobrem de si mesmos a 'perfeição' nos diferentes papéis que desempenham. Então, quando existe esta cobrança interna muito severa, é natural que ela seja vivida também na relação com os filhos. "Com isso, a tendência é que as crianças internalizem a cobrança que recebem e também se tornem pessoas muito autocriticas e perfeccionistas na vida adulta", explica Carla, que atua como professora do curso de especialização em Gestalt-terapia e de cursos de psicoterapia de crianças no Instituto Sedes Sapientiae, na capital paulista.
Outro fator comum é ver pais que, tomados por expectativas elevadas sobre quem os filhos deveriam ser ou se tornar, depositam neles frustrações que são, em verdade, suas próprias. "Eles não fazem por mal, já que, muitas vezes, têm a ideia, por exemplo, de que más notas equivaleriam a uma vida mais sofrível ao filho adulto", diz a psicóloga e psicanalista Mariana Cardoso Rodrigues, do Sabará Hospital Infantil, de São Paulo (SP).
É válido destacar que um boletim repleto de avaliações positivas não é garantia alguma de sucesso no futuro. Para se ter uma ideia, Albert Einstein (1879-1955), Steve Jobs (1955-2011) e Bill Gates nunca tiveram destaque em sala de aula, na infância. O que não os impediu, evidentemente, de deslumbrarem o mundo com sua genialidade, anos depois. Segundo Janaína Spolidorio, especialista em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação, de São Bernardo do Campo (SP), ser um bom aluno ajuda a criança a se desenvolver e a notar realidades que antes não conhecia, mas isso não quer dizer que ela realmente aprenda aquilo que estudou. "O mais importante é fazer a relação dos conteúdos com a vida cotidiana. Não adianta a memorização sem função ativa. Um fator muito importante é a conexão do que se aprende com o que se faz. Saber aplicar conhecimentos é primordial para o sucesso, porque é assim que se percebe oportunidades, que se cria estratégias para boas colocações no mercado de trabalho, que se planeja para ter sucesso na vida adulta", conta.
Tirar boas notas pode ser um bom começo para a construção de uma vida profissional de sucesso, mas não é o único. Bruno Mader, mestre em Psicologia pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e psicólogo do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), destaca a subjetividade do conceito de sucesso. "Para alguns, sucesso é ter uma família; para outros aproveitar a natureza ou ainda ser feliz. Se estamos falando de uma vida profissional bem-sucedida, o desempenho escolar indica capacidade de organização, de compreensão de temas abstratos, de lidar com a ciência. Se uma pessoa começa a desenvolver essas habilidades quando criança é uma sólida base para as etapas posteriores, como ensino superior ou administrar um negócio. Entretanto, nem sempre as habilidades intelectuais vêm acompanhadas de habilidades sociais", afirma.
Porém, Carla lembra que se considerarmos que a ideia de sucesso na vida adulta é poder usufruir uma vida equilibrada com boa saúde mental, o excesso de cobrança na infância pode ser muito prejudicial. "Como há o risco de a criança se tornar muito autocrítica e perfeccionista, ela pode se tornar um adulto que dedica sua energia de maneira excessiva ao trabalho em busca do sucesso e, com isso, fica mais vulnerável aos efeitos do estresse e da Síndrome de Burnout, por exemplo", avisa.
Outro efeito possível é que as crianças que levam a Síndrome do Bom Aluno para a vida se tornem de fato adultos bem-sucedidos aos olhos das outras pessoas, mas, internamente, não conseguem se sentir satisfeitos e orgulhosos com o que conquistaram, já que tendem a pensar que sempre podem conquistar algo maior. "Nesse caso, ficam mais vulneráveis à depressão", ressalta Carla. "Essas expectativas são geradoras de estresse, que, com uma exposição contínua, pode gerar problemas na autoestima, no estabelecimento de relações de confiança ou mesmo doenças orgânicas, uma vez que o estresse crônico atrapalha o desenvolvimento do sistema imunológico. Como, resultado nós poderemos ter um um adolescente retraído ou um adulto com dificuldades de manter relações sólidas", completa Bruno.
A vida é dinâmica e mutável. Portanto, sempre é possível corrigir uma rota que vem se mostrando dolorosa ou inadequada. Cabe à pergunta: o que os pais deveriam fazer? Para a psicóloga Mariana, administrar expectativas, desejos de bem-estar aos filhos e as diversas maneiras a partir das quais eles de fato se apresentam, em suas singularidades, não é tarefa fácil. "Com relação a seus desempenhos escolares, é importante ter em mente que boas notas talvez digam apenas sobre a compreensão do aluno em relação a determinado conteúdo, mas não além", observa.
É natural que os pais fiquem felizes e orgulhosos quando os filhos vão bem em algumas atividades, mas condicionar o amor através do desempenho é cruel. "E cria na criança a ilusão de que ela só vai ser amada ser for sempre nota 10, o que é impossível", afirma a psicóloga Bete Monteiro, do Instituto Ser Mais, do Rio de Janeiro (RJ). Por isso, é preciso que os pais se comuniquem de forma assertiva e separem as coisas: "o amor é incondicional, mas eles se alegram quando o filho tira uma nota boa e se desagradam quando acontece o contrário", completa. Ela aponta vestígios de modelos antiquados de educação como o mecanismo por trás dessa conduta de cobrança. "Geralmente, manifestamos amor da mesma forma que recebemos. Durante muito tempo a lógica da meritocracia foi impregnada nas famílias como uma forma de educação e esse raciocínio até hoje reverbera nas famílias atuais", observa. Bete aconselha incentivar, acolher e, principalmente, perceber quais são as demandas daquela criança. "Todos nós temos habilidades maravilhosas que só precisam ser percebidas e potencializadas. Às vezes, os filhos fracassam porque estamos empurrando neles um desejo nosso e investindo no lugar errado. Olhe para o seu filho e veja o que ele tem de incrível", sugere.
E o que uma pessoa que sofreu com a Síndrome do Bom Aluno na infância e se deu conta disso na idade adulta pode fazer? Saber identificar e ter consciência das consequências que sofreu são primeiros grandes passos. "Mas após aceitar que isso aconteceu, não adianta culpar os pais, porque é algo que já aconteceu e provavelmente eles não tinham consciência do que fizeram. A intenção era ajudar, mas não sabiam estimular da maneira correta. Quando adultos, já sabemos melhor como aprendemos e no que temos mais sucesso", salienta a especialista em educação Janaína, que dia ainda que uma boa indicação aos adultos que passaram por essa situação na infância é encontrar algo em que se saiam bem e estudar ou se aperfeiçoar no tema. Não precisa ser algo acadêmico, pode ser algo prático! O importante é perceber que, independente das notas altas ou não, é possível se dedicar a algo com que se importa e que faz bem.

[Com informações do UOL]

"Muitas crianças foram arruinadas para a vida em razão de se exigir demais do intelecto e negligenciar o fortalecimento das faculdades físicas. As crianças e os jovens mantidos na escola e presos aos livros, não podem desfrutar sã constituição física. Deve haver regras que limitem os estudos das crianças e jovens a certas horas, sendo depois uma porção do tempo dedicada ao trabalho físico. E se os seus hábitos de comer, vestir e dormir estiverem em harmonia com as leis físicas, poderão educar-se sem sacrificar a saúde física e mental." (Ellen G. White - Conselhos sobre Saúde, p. 178)
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